Todo o homem é chamado a louvar o Senhor para colher os frutos do Seu amor.

Todo o homem foi dotado de uma autotranscendência, que o leva ao encontro com o outro, quer seja Deus, quer seja o seu semelhante. Cada homem realiza-se na concretização de atos espirituais e culturais dirigidos a alguém. As manifestações desses atos concretizam-se no amor e no trabalho. Estes dão sentido à vida; dão visibilidade ao que vai no coração e na alma de cada homem projetando-o para fora de si mesmo. Assim, a espiritualidade é uma dimensão fundamental para se concretizarem as ações do homem e essa visibilidade traduz-se em ações culturais e ‘produção’ de arte.

Na nossa realidade transmontana a cultura e a espiritualidade encontram-se e fundem-se em muitos pontos comuns de tal forma que não poderemos falar de cultura sem falar de falar de espiritualidade e vice-versa.

Além disso, é a dimensão espiritual que ajuda cada ser humano a encontrar as respostas às perguntas essenciais do sentido da vida que legitimamente coloca: de onde vim, para onde vou, porque existo, quem é Deus, etc.

Na busca de respostas, estas interrogações implicam o outro, sociedade, e transformam as relações conferindo-lhes um significado próprio às experiências que vivemos uns com os outros. Deste modo, a espiritualidade, como dimensão estritamente humana, dá ao indivíduo o sentido da sua existência gerando nele a responsabilidade pelo seu semelhante, pela natureza, pela humanidade inteira, pois hoje o mundo se tornou-se presença à distância de um ‘clic’ (para busca na internet).

É, em grande parte, a Cultura que vem dar ‘forma’ à dimensão espiritual. Ela faz a síntese da vida das comunidades e são testemunho delas mesmo quando elas desaparecem. Delas perduram os valores, os ritos, os costumes, as festas e romarias, a música, a literatura, a arquitetura, a escultura, a pintura, o artesanato, etc. Cada homem com o seu trabalho ajuda a transformar a realidade e é na cultura que cada um se revê, identifica e constrói a sua identidade e a da comunidade à qual pertence.

Ao longo da história da humanidade, a arte nas mais variadas formas culturais são os ‘marcos’ das atividades humanas que mais importância têm no progresso e na construção de novos paradigmas de pensamento, e são sempre uma evolução no sentido da humanização da pessoa e da Sociedade.

Cada vez mais, a espiritualidade e a cultura, são apresentadas como dimensões fundamentais da qualidade da vida e do sentido da mesma. Potenciar, defender, projetar, envolver pessoas, organizações, instituições, nas dinâmicas da cultura tradicional da nossa região ajudar-nos-á a compreender e a viver melhor o sentido da vida que nos torna únicos aos olhos de todos pelo modo de ser e estar das gentes das nossas terras.

A nossa Unidade Pastoral de São Bento está empenhada na valorização desta cultura que gerou um património, material e imaterial, fruto do enraizamento das suas gentes na forma de viver e sentir a sua religiosidade.